quinta-feira, 18 de abril de 2013

No caminho para San Ignácio de Velasco, Bolívia


Cuiabá – Cáceres – San Matias - San Ignácio de Velasco

San Ignácio de Velasco foi meu primeiro alvo nesta viagem. Embora a sua igreja não consta na lista UNESCO, por causa de campanário construído nos tempos modernos, a herança jesuítica nesta cidade é grande e bem cuidada. Além disso, ela é maior que todas as vizinhas, e serve como base para explorar a Chiquitânia. Com sua localização estratégica, possui linhas de ônibus para todas 6 cidades deste objeto de Patrimônio Cultural da Humanidade, bem como para Santa Cruz de La Sierra e para ponto de fronteira Bolívia – Brasil em San Matias. Assim, com apenas 6 dias livres, e com milhas suficientes para comprar apenas passagens aéreas nacionais, resolvi ir para San Ignácio o mais rápido possível, desembarcando no aeroporto de Cuiabá no sábado a noite e atravessando a fronteira no domingo de manha. Deixando San Xavier e Concepcion, que ficam no caminho entre San Ignácio e Santa Cruz, bem como a própria Santa Cruz, para outras ocasiões, de San Ignácio seguir para outras cidades históricas, terminando pela San José de Chiquitos, de onde é fácil voltar ao Brasil pela Corumbá. A passagem de retorno para São Paulo, então, foi de Campo Grande, na sexta a noite.

Teoricamente, poderia conhecer também 4 cidades brasileiras, por onde passava pela primeira vez: Cuiabá e Cáceres (MT) na ida, e Corumbá e Campo Grande (MS) na volta. Mas na ida foi mais conveniente “passar batido”, e na volta, sim, aproveitar um dia de reserva, caso teria esta sobra (o que realmente aconteceu).

Portanto, no dia 6 já segui para Cáceres direto de aeroporto, com saída às 19 h. Embora, acabei viajando sem telefone celular que deixei no carregador em casa, depois de desembarque logo comprei um cartão telefônico, liguei para agência “Mato Grosso Turismo”, e recebi dados do veículo. Foi maior que imaginava, no lugar de van um micro-ônibus “Volare”, com logotipo da própria agência.

Depois que encontrei o mesmo, aguardamos mais alguns passageiros e partimos ainda antes das 19 h. Mas só até a garagem com escritório da agência, onde desembarcamos para compra de passagens (50 R$). Lá já estavam outros passageiros, que chegaram com Kombi de outro local. Houve uma pequena confusão, por falta de marcação de assentos. Enfim, todos acharam algum lugar, e partimos para Cáceres por volta das 19:40. Estrada boa, rodagem tranquila, mas bastante rápida. Parada para lanche, uns 15-20 minutos. Na chegada em Cáceres uma parada longa, redistribuição de uma parte de passageiros para outra Kombi, definição da rota para deixar todos no lugar certo... O meu chamava se “Rodoviária do Centro” e foi entre últimos. Quem precisar deste serviço, as telefones da agência “Mato Grosso Turismo” são 65 3223-8133 em Cáceres e 65 3684-5118 em Cuiabá.

Desci às 22:30, olhei por volta e encontrei meia-dúzia de hotéis simples. A rodoviária era uma cobertura metálica, sem paredes, com quase dezena de guichês e alguns bancos para espera. Um dos guichês estava aberto, lá recebi informação que ônibus para fronteira sai por volta das 5 h de manhã e me indicaram onde serão vendidas passagens. Logo fui para hotel mais próximo (“Paraíso”), na frente do qual rolava serviço de espetinhos, serviram cerveja e refrigerantes. Um quarto simples, com cama e ventilador, custava apenas 15 R$.

O mais importante, me informaram que “a partir das 4:30 já há ônibus para fronteira por aqui” e que no domingo haverá menos horários, apenas primeiro é seguro. E prometeram me acordar na hora certa. Acabei acordando por conta própria e ainda precisei tocar a campainha por lado de fora do hotel, esticando a mão através da grade, para acordar o zelador, que estava com chave. A combinação da campainha com o despertador dele deu certo na segunda vez, e consegui sair do hotel às 4:36. E já houve meia-dúzia de pessoas na rodoviária, esperando tal ônibus, e trocando ideias sobre provável horário.

Logo veio de moto um funcionário da empresa indicada, abriu o guichê, anunciou o horário de hoje (domingo), só às 5:30, e começou vender as passagens. 21 R$ com taxa de embarque e sem assento marcado. Empresa “CORIXA TURISMO”, tel. 65 9918-0850 e 9289-3394. Um micro-ônibus “Volare” com nome da empresa chegou às 4:50. Era uma fileira mais curto do que similar da outra empresa com que viagem da Cuiabá, e tinha reboque para bagagens, aproveitado por parte dos passageiros. O motorista informou que sairemos às 5:00 e logo partimos pela cidade. Parando, e embarcando mais gente. No ponto de saída da cidade houve tantos interessados nesta linha, que faltaram lugares. O mesmo rapaz já chegou de moto e vendeu passagens restantes. Depois de embarque dos sortudos houve longa conversa com outros.

Partimos devagar, agora realmente por volta dos 5:30. Longa parada para abastecimento, motorista preocupado com alguma coisa, falando muito por telefone. Alguns passageiros também preocupados com probabilidade de atrasar para conexão com ônibus boliviano, pressionando para andarmos logo. Ele voltou a dirigir, meio sem querer. Só ficou mais tranquilo depois que fomos ultrapassados por uma van, que seguimos adiante. No posto fiscal com pesagem seletiva a van seguiu direto, e nosso veículo foi obrigado a dar uma volta pela balança, perdemos o contato visual. Mas alguns quilômetros para frente paramos, e a van já aguardava. O seu motorista era o mesmo rapaz de moto que vendia passagens. O os passageiros eram aqueles que não conseguiram embarcar no nosso “Volare” na cidade. Agora eles entravam para viajar no corredor, inclusive mães com crianças. Os donos dos assentos ignoraram a situação, só um dos jovens (eu) acabou oferecendo lugar para criançada. Uma das mães sentou, e juntou duas meninas de 2-3 anos, que logo dormiram no colo dela.

Os “passageiros extra” e alguns dos titulares desceram na entrada em uma das fazendas, no meio de caminho. Logo paramos para café no Porto Limão. Finalmente, tomei o meu cafezinho e experimentei um pastel de carne na versão MT. Depois disso andamos tranquilo e chegamos no destacamento militar de Corixa às 7:40. Os militares estavam no seu quartel, fora da estrada, e não houve nenhuma fiscalização policial também. Vi apenas um prédio da Aduana, mas ninguém tinha nada a declarar. No fim de asfalto desembarcamos todos e seguimos para táxis bolivianos.


Para mim encontrei um lugar neste à direita. O motorista pediu 7 reais até rodoviária, com parada no escritório de imigração.


Fronteira, bandeiras, militares bolivianos bem armados, abrindo cancela para cada dos táxis e cumprimentando motoristas. Estamos na Bolívia!

Mas para seguir mais de 30 km daqui, não residentes precisam de um papelzinho verde com carimbo. O escritório já estava aberto e não houve fila, neste táxi só eu pedi o “permisso”. Depois dois passageiros desceram na quadra comercial, aproveitei para perguntar sobre o câmbio e motorista apontou uma das lojas, sem qq. placa. Em um minuto troquei o necessário, com taxa 3,12 bolivianos por real, bem melhor do que no Aeroporto Internacional de São Paulo.


Antes das 8 horas já cheguei neste Terminal Rodoviário, de onde começava a longa estrada de terra. Próxima partida para Santa Cruz, via San Ignácio de Velasco, às 8:30, empresa TRANS VELASCO. Comprei a passagem por 70 B$, mais taxa de embarque por 2 B$ no outro guichê. E ainda deu tempo de olhar por volta, comprar uma “soda”...


Despedindo com pequena San Matias que quase não conheci. À direita esta Aduana boliviana, com alguns ônibus (feitos no Brasil) novos no pátio, aguardando a liberação.


Neste glorioso ônibus reencontrei muitos dos companheiros da viagem Cáceres – Corixa. Saímos quase sem atraso. Como manda a tradição, alguém colocou grande caixa de papelão com pintinhos no bagageiro acima das poltronas, e os bichos não pararam de reclamar o tempo todo. Nas primeiras horas de viagem a paisagem era plana, a estrada reta e boa. Andamos bem, mas muitas vezes quase paramos ao passar por delicadas pontes de madeira, evitando a ressonância em balanço lateral.



O Pantanal boliviano também tem muita água, e muitos pássaros grandes, encontramos jaburu, garças diversas, tucanos, maritacas etc.



Algumas paradinhas em povoados pequenos.

Muitas cancelas, com controle militar, mas sem revista geral. O tempo fechava aos poucos. Depois começou a chover fraco... Começaram também as curvas da estrada, subidas, descidas, o ritmo diminuiu... E na hora de parada para almoço (depois identifiquei este local como São Vicente) já choveu forte. Os brasileiros experientes nesta rota recomendaram: “a comida daqui é boa”, descemos todos e atravessamos a estrada.


No outro lado já parou um ônibus parecido, indo de Sta. Cruz, mas no refeitório ainda houve bastante lugares.


Por volta era possível enxergar algumas quitandas, lojas e uma placa de casa de câmbio...

Comprei a ficha de almoço e uma “soda” e me assustei com a quantidade que era servida nos pratos. Não sou de comer muito e nunca como rápido, mas também não costumo deixar comida boa no prato. Foi um problema, considerando falta noção exata sobre tempo da parada... Mas vi que alguns passageiros pediram comida “para levar” e receberam no lugar de prato uma bandeja plástica menor, com colher também plástica, e aderi a esta opção. Deu certo. Recebi na bandeja uma pirâmide feita de arroz, feijão, mandioca, ovo frito, chuleta e salada, tudo muito bom. Antes de sinal para partida do ônibus consegui comer mais de metade, sem pressa. Com restante acabei aos poucos, já na viagem. Valeu como meu jantar também, depois disso só petisquei biscoitos e maça que levava da casa.

A chuva hora parava, hora voltava, mas já sem muita força. O ônibus seguia firme pela estrada difícil, jogando água das poças para fora. Mais algumas paradas e finalmente primeira cidade, até com algumas ruas pavimentadas, o meu destino de hoje. Foram exatas 7 horas de viagem, conforme previsto (chegada às 15:30). Antes disso, houve aviso de que a estrada mais curta para Sta. Cruz acabou de ser interditada (por motivos desconhecidos), e que ônibus fará desvio para San José de Chiquitos (uns duzentos km de terra), de onde seguirá pelo asfalto. A previsão de chegada em Sta. Cruz foi corrigida para depois de meia noite. Mas para mim não foi notícia ruim, já que precisava ir para San José nos dias seguintes, então, esta estrada estava transitável.


A San Ignácio nos esperava com chuva fraca e com outro ônibus da TRANS VELASCO, carregado de bananas. Um dos companheiros de viagem que desembarcou nesta cidade indicou por onde procurar o alojamento.



Logo escolhi um, nesta vez com banheiro privado (B$ 70), deixei as coisas no meu quarto no. 1 e fui desbravar esta cidade estratégica.


(fonte do mapa: WIKIPEDIA)

Fotos do autor
Atualizado 30.07.2013


...cartão de visita Missões jesuí­ticas de Chiquitos, BOLÍVIA
...lista BOLÍVIA
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